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No dia seguinte, a todo esse chafurdo, minha mãe se levantou cedo e fez o nosso café. Estava me achando com toda aquela regalia. Ela sorriu e disse que se levantou cedo, foi no São Luiz, que tem no RioMar Kennedy, e comprou alguns ingredientes para fazer um bolo. Ela queria muito que aquela manhã fosse perfeita… e foi! Há quanto tempo, eu não tinha o carinho de Dona Lavínia. No fim, antes de eu ir para o escritório, ela sorriu e disse que eu era uma filha maravilhosa. Me pediu desculpas pelo que aconteceu com Kiara, mas era muito difícil para uma mãe entender que seu filho era um covarde, e que ele era assim, por ter refletido o demônio que era o pai. Ela disse também que a conversa que teve com o Sargento Martins, no caminho do Alphaville para a Themberge, foi fundamental para ela compreender, que Kiara apenas tentava se proteger de Jon, pois Jon fazia com Kiara, o que Lauro fez com ela. Se Lauro atirou em Jon, por achar que o filho agora era “marica”, o erro foi de Lauro, que é um imbecil, covarde, assassino e homofobico. Quando ela já estava quase chorando, resolvi lhe dar um abraço, além disso, disse que eu só era um anjo, porque puxei o lado divino dela. Ela rir e disse que a nossa única diferença era que ela gostava de homem e eu, de mulher. A gente riu, ela ficou em casa, enquanto eu fui trabalhar.

Passaram alguns dias depois daquele dia lamentável, mamãe se acostumou com Kiara. As duas até viraram comadres, aonde o assunto favorito era falar das minhas manias. Como toda mãe, ela mostrou para Kiara minhas fotos quando criança e adolescente. Kiara ria das minhas poses, enquanto Dona Lavínia apenas contava a história por trás de cada foto. Muitas vezes, quando estava em casa, conversava com Bernardo, ele seguia sendo o meu melhor amigo e conselheiro. Eu e Bernardo estávamos tão colados que Marcela chegava a ter ciúmes, mas depois passava, ela sabe que Bernardo era o irmão que eu não tive. Jon morreu, mas nunca mereceu meu respeito, e não seria depois de morto que isso ia mudar. Jamais esqueci que ele matou Luiza. Bernardo era o meu irmão de pais diferentes. Falando em pais, Marcela me contou que o pai dela estava “de olho” em minha mãe. Então, o trio de cupidos (Eu, Marcela e Bernardo) resolveu entrar em ação. A gente combinou que iriamos fazer um jantar, mas obviamente, o jantar não ia rolar. Os dois ficariam à sós no apartamento de Martins e Marcela. Kiara quase atrapalha, pois horas antes do jantar, ela encontrou minha mãe e ia soltando que não tinha jantar nenhum pronto, mas na hora que ela ia dedurando, sem querer, evitei e avisei a minha love sobre o que estava acontecendo.

Algumas horas depois do jantar, Eu e Kiara, Marcela e Bernardo voltávamos do RioMar Kennedy. O pensamento era único, será que havia rolado algo. Quando entramos no apartamento de Marcela, os dois estavam … jogando videogame, o jogo do Dragon Ball Z. Minha mãe estava vestida de Sailor Moon e Martins, com a farda dos Guerreiros Z. Eles saquearam os cosplays da Marcela na cara dura. A gente perguntou o que aconteceu ali. Os dois disseram que os adolescentes aproveitaram que os pais saíram e aprontaram todas. Primeira vez que vi Dona Lavínia alcoolizada, porém consciente. Ela não parava de rir! Foi contagiante, todo mundo começou a rir, logo depois. A noite foi ótima, mesmo indo além do que havia sido imaginado.

No dia seguinte, estava saindo do treino de futebol e indo para a aula na UNIFOR, quando, de repente…