*** LETRA DOS SAMBAS ***
Samir Trindade e Cia (00:07)
Vai saudade entre o Aye e Orum
Semear a paixão que faz resplandecer
As origens da Portela
Nossos deuses orixás
Meu respeito a raiz
Elo que evoca a matriz
Saluba Nana, galhos se vestem de Ojá Lilás
Obaluâe saúde e paz
Xangô exalta o poder
E renasceu uma nova primavera
Pra saciar nossas quimeras
Na tolerância de Oxumarê
É fruto que diz no pé
É filho de mãe rainha
Canto pra não esquecer
Prece de ladainha
Ooooooo oke oke babalaô oo
Meus irmãos vieram à sombra desse grande Obá
Folhas caindo pelo mar
Trouxeram a África pra cá
Sou mais o Brasil da capoeira
Do semba que deu o nó na madeira
Semente que nasceu em mim
Mito é Paulo Benjamin
Por todo portelense que nos deixou
Clamo as raízes, resistência ao ditador
Voa majestade, cura minhas dores
Contra opressores teu povo de fé
É velha guarda o meu baobá
E minha luta é te manter de pé
E nossa luta é te manter de pé
Jorge do Batuke e Cia (07:55)
Oh! Minha Águia, nos traga inspiração
Voa… decifra mistérios na imensidão
Igi oşè, a chave da vida
Onde o guerreiro se encantou
Seu tronco, repousam segredos
Que o tempo não levou
Ê… saluba! Ê… saluba, NANÃ!
Em suas águas a semente germinou
Sob as bênçãos de Omolu
Traz a cura pro Aiyê!
Atotó, Obaluaê!
Teu fruto, sagrado alento
No sol das savanas, há escuridão
Teus filhos não fogem à luta
Mesmo reféns dos próprios irmãos
Odoyá… Odoyá…
No balanço do tumbeiro
A saudade fez chorar
África é Mãe, Herança, Resistência…
Salve, Oxumaré!
Arco-íris cultural
Na cor da pele a nossa essência
O sangue esse solo fecundou
É Semba que no samba se transformou
Agô! Agô! Pai Oxalá!
Faz batucajé, Tabajara!
Leva o meu axé, Tabajara!
Sou a força do povo
O Meu canto é uma reza
Da raiz da jaqueira
Meu nome é Portela!
Oke, Baobá! Quem é da gira não deixa o samba acabar!
Oke, Baobá! Em Madureira, o samba não pode parar!
Wanderley Monteiro o e Cia (15:37)
Prepara o terreiro, separa a Mucua
Apaoká baixou no xirê
Em nosso celeiro a gente cultua
Do mesmo preceito e saber
Raiz imponente da primeira semente
Nós temos muito em comum
O elo sagrado de Ayê e Orun
Casa pra se respeitar:
Meu Baobá
Ôbatalá colofé
Tem batucada no Arê
Pra minha gente de fé
Ayeraye
Nessa mironga tem mão de Ofá
Põe Aluá no coité e Dandá
Saluba mamãe fiz do meu samba corimba
Mata minha sede de axé
Faz do meu igi ose moringa
Quem tenta acorrentar o sentimento
Esquece que ser livre é fundamento
Matiz suburbano, herança de preto
Coragem no medo
Meu povo é resistência feito um nó na madeira do cajado de Oxalá
Força africana, vem nos orgulhar
Azul e banto
aguerê e alujá
Pra poeira levantar
de crioula é meu tambor
Iluayê na ginga do meu lugar
Portela é Baobá
no gongá do meu amor
Tem gira pro meu amor