No véu da noite, em segredo me perdi,
Seduzido por olhos que ao seu se assemelham.
A irmã, tão bela, em mim paixão revelha,
E o coração que era só teu, dividi.
No peito havia um fogo que não cessei,
Cada toque, palavra, um doce veneno.
Mas o peso do mundo eu não sustentei,
Escondi-te os pecados sob um terreno.
Como contar o que a alma envergonhava?
Medo de perder-te, medo do adeus,
Enquanto a culpa como sombra andava.
Mas a verdade, cruel, rompeu-se aos céus:
Perdi teu amor, e nada mais restava,
Senão prantear por nós dois, infelizes, meus.


Deixe um comentário