Entre engrenagens de aço,
O relógio que não cansa corta a alma em fatias.
Seis dias de suor, um suspiro de ar,
O corpo é moeda, o tempo a negociar.
O sol sangra na esteira,
A vida é um rascunho que a máquina apaga.
A criança espera abraços que o expediente nega,
A noite é um fantasma que o cansaço entrega.
Mas há um rumor nas ruas, um novo compasso:
Mãos unidas erguem pontes sobre o excesso.
Um dia não é esmola, é direito à felicidade
Na praça, o riso brota, a arte ressurge,
O pão é devorado, o sonho converge.
Liberdade aos escravos modernos,
Somos senhores de nosso tempo!
Se canta na fábrica, no campo, no lar:
“Uma vida não cabe no que se pode ganhar.”
A nova sociedade, feita de vozes unidas,
Troca horas por momentos inesquecíveis
— Aqui, até a máquina descansa,
Enquanto a alma ressuscita.


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