No vértice do mundo, em fogo insano,
Dois corações se uniram na escuridão,
Como astros que colidem no sertão,
Roubando ao céu seu brilho sobrehumano.
Os olhos dela, faróis de desengano,
Guiavam-no por mares de aflição;
E os dele, como espelhos da paixão,
Refletiam-lhe o caos do ser profano.
Amaram-se na dor, na luz, no abismo,
Entre suspiros graves, longos ais,
Beijando as chagas de um viver infindo.
Mas tanto amor, fatal, divino, prismático,
Fê-los perder razão nos próprios véus:
Loucos por Deus, por si, e pelo abismo.


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