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Pouco tempo depois, batidas na porta… achei que o casal tinha esquecido algo. Quando atendo era Jon, o que me espantava era o ver com um imenso mar de lágrimas envolvendo seus olhos. Era meu irmão mesmo? Ele pergunta se podia entrar, eu disse que não, pois não sabia o que ele poderia fazer comigo. Ele rir e pergunta se nem na dor, eu daria uma trégua. Eu já fechava a porta quando ele disse: “Eu sei que você me botou um belo par de chifres, irmãzinha!” Imediatamente, abri a porta e ri muito da cara DELE na frente DELE. Ele afirma que eu podia mangar a vontade, porém tinha algo a mais que ele descobriu de Kiara – Ela era Trans. Eu me surpreendi. Ele volta a chorar, gritando: “Eu sou apaixonado por um viado!” Eu volto a rir: “Tu não entende nada mesmo. Entra, vou te explicar algo, mesmo sem tu merecer! ” Ele não para de chorar e entra.

Ele ainda soluçando, dizia que não sabia o que era o amor, porém sabia que amava Kiara. Eu explico para ele que Kiara não era mais homem, se era Trans, ele agora era ela. Kiara nasceu homem, mas nunca foi. Era como uma capa de um livro de futebol, mas as páginas eram de vôlei. Ele não entendeu, muito menos eu. Nunca fui muito boa em explicar nada para o meu irmão, muito menos sobre o mundo LGBT+, principalmente, por ele ser um conservadorzinho hipócrita que adorava bater na gente. Luiza morreu por causa de gente assim, eu vivi anos nas trevas, por causa de gente assim. Apesar de tudo, aquele imbecil preconceituoso era meu irmão. Eu precisava fazer algo para ele conter aquela tristeza. Então, resolvi dizer que antes de qualquer coisa, Kiara era mulher e o fato de ter nascido homem não fazia Jon gay, pois Jon se apaixonou pela mulher, se sentiu atraído pela mulher, logo ele ainda era hetero. Ele rir e diz que eu estava louca. Vendo que aquele idiota sempre seria um idiota, deixei de consolar e disse: “Eu acho é bem feito, tu todo machão, espancador de gays, se apaixonar por uma trans. E uma trans bem gostosa! Ainda levou chifre de uma sapatão! Ô coisa bem feita!” Ele olha pra mim e volta a chorar. A noite seria longa…

Após algumas longas horas de conversa, Jon resolve fazer algo inimaginável. Ele iria atrás de Kiara, pois a amava, mesmo sendo uma “mulher com trosoba”, o raciocínio dele é passível de qualquer crime que exista sobre homofobia e transfobia. Eu tento voltar a explicar, mas agora prefiro que ele admita que é gay, quem sabe assim, deixasse de ser um imbecil e passasse a respeitar a gente. Ele pede para eu ir com ele na Frei Mansueto, pois precisava de uma sapatão do lado para se assumir gay, como já disse anteriormente, o raciocínio dele, com seus dois microneurônios, é passível de qualquer crime que exista sobre homofobia e transfobia. Era incrível a capacidade quase nula que ele tinha de raciocinar.

Ao chegarmos lá…