Marcelino era o típico rapaz cearense asilado em Futebol. Desde criança, ele foi acostumado a assistir todo tipo de futebol, desde a UEFA Champions League ao Torneio dos Calangos, organizado pelo pessoal da sua rua. Ele era ponta-direita, mas só no papel, na realidade, jogava mais por ser ‘chapa’ do que ser um craque.
Em cada campeonato, Marcelino tinha um time para torcer. Por exemplo, no Mato Grosso do Sul, ele torcia pro CENE, na Bahia, era Vitória e no Cazaquistão, era Astana.
Um dia, afim de namorar uma amiga, ele apostou o que nunca deveria ter apostado. Ele deveria ficar um mês sem futebol, sem qualquer tipo de futebol, nem na TV, nem na rua, nem falar em futebol, nada … sem futebol por um mês! Somente assim, ela aceitaria ficar com ele, era uma espécie de prova de amor.
Foi um período difícil para Marcelino. Era Maio, eram vários campeonatos chegando ao fim, tanto na Europa, quanto no Brasil. Marcelino tinha que se segurar, e não tinha como fingir que não havia visto, ela morava com ele e outros 2 amigos ‘cabuetas’. Marcelino teria que se segurar! Todo mundo sabia que ele podia cair em tentação a qualquer momento. Mas Marcelino foi valente, e se utilizou de outros artifícios para conter o ‘verme’.
Forró, Museus, peças de teatro, shows de humor, pagode, baladas, ballet, cinema, tudo o que podia fazer, ele fazia. Assistia novela, seriado, filme, e até a “Peppa Pig”, o valente Marcelino estava conseguindo. O nosso bravo herói percebeu que existia um mundo de possibilidades sem o futebol, que o seu leque de entretenimento e conhecimento poderia ser ampliado, mas a saudade era a grande, ver a ‘pelota’ girar nos gramados era quase parte da essência de Marcelino, ele não se sentia mais ele, era como se fosse outra pessoa por 30 dias.
Com o fim da aposta, antes mesmo de sua amiga virar sua namorada e cumprir o prometido, ele só queria saber de ver um belo jogo. Sim, era a Série A3 de São Paulo, sim era Votuporanguense e Juventus da Mooca, sim mas era futebol. Era como se sua alma voltasse a ser sua, como se a sua essência berrasse dentro de si. Depois do jogo, ele nem quis saber de nada, disse que se ela o amasse nunca teria feito tal aposta. Os dois riram e foram ver um jogo do Ferrão no PV. Depois foram no Shopping Benfica, assistiram um filme e passaram a noite se amando. É isso! E assim encerra a história de um guerreiro, que não era alienado, que provou que gostava de futebol, porque preferia futebol a outras modalidades de lazer. Marcelino, você conseguiu o que eu jamais conseguiria!