Seu Zair era um homem muito respeitado pela alta sociedade de sua cidade. Ele era um homem conservador e que prezava pela moral, pela ética e pelos bons costumes. Seu Zair teve três filhos, todos com a mesma esposa, a Dona Zoraide. Dois homens, e no último, “deu uma fraquejada” e nasceu uma menina. Para manter a tradição, todos tinha o nome iniciado com Z, logo se chamavam Zapata, Zozel e Zuleide.
Nas Eleições, seu Zair era 17 para todo lado e quem discordasse dele era comunista. Seus filhos saíam as ruas com a camisa amarela para conquistar votos para o candidato que iria trazer a família e Deus de volta ao poder. Eles queriam derrubar a devassidão imposta pelo vermelho em seus anos de governo.
O que pouca gente imaginava era que Seu Zair era um belo de um enrustido. A noite, ele sempre procurava por seu capataz favorito, que também era enrustido, e rolava o que se pode imaginar. Os dois homens mais valentes e machões daquela cidade eram, na verdade, as duas bichas mais safadas que existiam na região. Dona Zoraide desconfiava das reuniões com o capataz Zé Diamante, em pleno vigor da Lua, mas acabava fingindo não ver, pois era melhor ser mulher de um enrustido rico do que de um heterossexual pobre.
Em uma certa noite, Seu Zair resolve levar os filhos para uma “casa de massagem”, mas o mais velho, Zapata, diz preferir ficar em casa, pois alguém tinha que ficar em casa para cuidar das mulheres, pois elas eram frágeis e desprotegidas. Seu Zair concordou com o filho mais velho e foi apenas com o filho do meio.
Na casa de massagem, Zozel perguntava para o Pai se ele não iria pagar uma quenga para ele. Seu Zair respondeu que já tinha pegue várias quengas na vida, e que estava ali apenas para satisfazer os prazeres sexuais do filho. Zozel, então, pediu para voltar pra casa, pois não tinha prazer com seres humanos, somente com as cabritas que Seu Zair cuidava. Seu Zair riu do filho e os dois voltaram para casa, que na verdade, era uma Fazenda.
Quando chegaram na Fazenda, Seu Zair foi logo atrás de Zé Diamante, tinha que tratar um assunto sério com o seu fiel capataz. Ao chegar lá, o coração de Seu Zair ficou pequenino. Ele pegou o seu amado capataz “fazendo aquilo” com seu querido filho Zapata. Seu Zair, com sangues nos olhos, parou com a cena que presenciou e perguntou o que ocorria. Zé Diamante afirmou que o filho também o procurava constantemente. Zapata tenta explicar, mas o pai dar um murro e pergunta porque o Zé Diamante! Zapata, ainda estirado no chão, afirma que sempre gostou de homens e que Zé Diamante não era o único com quem ele já tinha se envolvido, mas que Zé era o mais viril, logo, o mais solicitado. Imediatamente, Zair pergunta se o que acontecia ali, ficava ali. Zapata afirmou que para os outros, ele era heterossexual, e que já estava arrumando a namorada da irmã para fingir de esposa dele. Zair se espanta ao ver tudo aquilo acontecendo, mas fica contente, por saber que, para a sociedade, nada daquilo ocorria. Seu Zair, então, diz para Zapata que eles iriam seguir dividindo Zé Diamante, mas desde que ninguém saísse contando pelos quatro cantos. Zair vai para a sede da fazenda, enquanto, Zapata e Zé Diamante seguem com o que tinham parado.
Logo após as Eleições, o 17 venceu. A Família festejou e deu depoimento na TV local, afirmando que era o fim da pouca vergonha e que, finalmente, alguém governaria em nome dos verdadeiros valores da sociedade brasileira. Pouco tempo depois, Zapata se casou com a “Love” de Zuleide. Dona Zoraide passou a visitar a mãe dela com frequência e ter um caso com o primo. Seu Zair seguia se reunindo com Zé Diamante as noites, enquanto Zapata, nos primeiros raios solares, saia para “pastorar” as cabras e os bois com Zé Diamante nos locais mais distantes que havia naquele enorme tereno . Zozel, apesar dos coices, seguia perseguindo as pobres cabritas.
A família tradicional seguia firme e forte na foto, porém mais enrustida do que nunca na realidade.