Sufoco-me diante a ideia
de que não tenho vida…
de que sou mero escravo do dinheiro
e preciso de sua permissão
para ter o deleite de viver.
Sufoco-me diante a ideia
de ter que pegar ônibus todos os dias
de perder horas de minha vida
o esperando
e quando este chega,
sinto-me uma sardinha
e sei que ao reclamar,
de fresco irão me chamar.
Sufoco-me diante a ideia
que ao sair de casa,
podem me apontar uma arma
e levarem tudo o que tenho
que tanto sofri para ter…
Cidade apodrecida
no mar das drogas
e da corrupção simples!
Sufoco-me diante a ideia
de que tenho que estudar e trabalhar
ao mesmo tempo
sem cessar
e que minha vida se resumirá a isso
e se reclamar,
irei ouvir falar:
“Deixa de frescura, todo mundo vive assim!”
Sufoco-me diante a ideia
que o tempo passa
e tamanha pressão para amadurecer
falta me enlouquecer,
pois quando olho pro relógio
o dia já foi
e outro já começou
do mesmo ponto que estava ontem
e eu não avancei nenhuma casa
nesse jogo imobiliário de nossa vida!
Todo esse processo me deixa travado,
não sei pra onde ir,
não sei como começar,
não sei sou digno de dizer que estou vivo
se tudo o que faço é robotizado.
Até mesmo esse poema
de palavras comuns,
quase um desabafo,
surgiu pela necessidade de postar.
Quando poderei viver?
Quando irei parar de perder horas esperando ônibus?
Quando não ter mais medo de ser assaltado?
Quando amadurecerei de fato?
O que eu sou?
Apenas mais uma pessoa sufocada
pelas dores comuns a todos
que todos se anestesiam para viver
e eu não.
Sufoco-me diante a rasa ideia
de que sou alguém especial,
quando sou somente mais um na multidão…
cansado…
judiado…
enlouquecido…
por um momento de minha vida que não gosta de mim!
Agradeço a tudo que tenho,
que pois mais superficial é especial!
A vida já me premiou com experiência únicas,
mas a falta de independência me sufoca…
Essa eterna dependência
me deixa entristecido
e a escrever essas palavras.
Sou um eterno sem moral,
que nem eu mesmo consigo controlar.
Minhas emoções começam a se enrijecer,
apesar da força que possuem em me controlar.
Coração e razão vivem em guerra
e a loucura resta ao meu eu exterior.
Sufoco-me diante a ideia
de que eu sou apenas eu
e que eu não sou ninguém
nesse sucinto desabafo
de quem é apenas mais um “fresco”
nesse mundo das perfeições.

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