Dexaketo

Na praça vazia do ser,
o relógio dita o que fazer.
Passos apressados, sem direção,
buscam sentido na multidão.

A vida moderna grita ao léu:
“Produza, consuma, seja um deus!”
Mas o preço cobrado é sutil,
rouba sorrisos, devora o Brasil.

O celular vibra, a tela seduz,
promessas falsas que logo conduz
à exaustão de quem busca vencer,
mas só encontra ilusões a perder.

Mensagens urgentes, likes e desejos,
perfis perfeitos, corpos em espelhos.
A sociedade impõe seu padrão,
sufoca sonhos com sua prisão.

Trabalha mais, estuda além,
não há pausa, não há alguém
que diga “chega”, que ofereça calma,
tudo é pressa, tudo é fome da alma.

As exigências são como ondas no mar,
cada uma maior vem te engolir, te afogar.
E quando cansado, você se questiona:
“Por que corro tanto se nunca me aquinhoam?”

Querem que sejas máquina, robô eficiente,
que produzas louvores ao deus da aparência.
Mas és humano, frágil, imperfeito,
feito de carne, sonhos e defeito.

Pare um momento, respire fundo,
escute o vento, abrace o mundo.
Não deixe que normas absurdas definam
quem você é ou quem você siga.

A vida não pede currículos longos,
nem metas mirabolantes, nem sonhos troncos.
Ela apenas espera que encontres razão
no pulsar suave do teu coração.

Então, resista à corrida insana,
ao ritmo frenético dessa semana estranha.
Sê protagonista da tua própria história,
mesmo que ela não tenha aplausos ou glória.

Pois no final dessa estrada tão incerta,
não levaremos cifras, nem fama, nem experta.
Mas lembranças vividas, momentos singelos,
como flores brotando nos campos amarelos.