Dexaketo

Simplesmente Gaiato

A melhor amiga da minha namorada

Bernardo era o Conservadorismo Encarnado, nunca, em hipótese alguma, abria mão de seus valores. Trajes impecáveis, palavras sempre dentro da norma culta, devoção à moral que herdaria de uma família tradicional de Classe média cearense. Religioso, católico, pois o protestantismo era a prevaricação da Igreja criada por Cristo, segundo ele. Músicas apenas clássicas, pois músicas dos dias atuais, eram depravadas e sem qualidade.

Com Luiza, namorava há três anos sob as regras que ele considerava sagradas — mãos dadas, beijos castos e a promessa de que o corpo só se revelaria após o véu do casamento. Luiza, porém, suspirava em segredo. “É natural querer mais”, sussurrava, mas Bernardo acreditava que a virtude residia na resistência.

Leazinha era o oposto de tudo que ele julgava correto. Chegou como um furacão na vida do casal, amiga de infância de Luiza, com riso fácil e roupas que desafiavam o cinza da cidade conservadora. Trazia consigo histórias de viagens e uma liberdade que Bernardo não ousava nomear, mas adorava ouvir. Nas tardes em que a trio se reunia, ele evitava olhá-la, mas sua presença era como um ímã — e as noites passaram a ser invadidas por sonhos que o faziam acordar em suor frio. Ele costumava pedir perdão à São José, seu santo de devoção, por desejar Leazinha. O pior é que o tempo passava e os sonhos ficavam ainda mais depravados. Sentir o corpo de Leazinha em cada detalhe, era excitante, proibido e apenas um sonho.

Numa sexta-feira chuvosa, enquanto Luiza trabalhava, Leazinha apareceu na porta de Bernardo, encharcada. “Precisava fugir da enchente”, disse Leazinha. Ele a deixou entrar, os olhos fixos no chão, mas cada movimento dela — aquele perfume que ela usava o enfeitiçava— era um desafio. Enquanto a chuva não passava, eles ficaram conversando na sala. Leazinha usava a roupa da mãe de Bernardo, visto que a dela estava molhada. Nenhuma das palavras faladas por Leazinha eram escutadas por Bernardo, visto que ele não conseguia tirar os olhos do belo decote que o vestido de sua mãe produzia no exuberante corpo de Leazinha. Mesmo sem notar as palavras, a voz de Leazinha o excitava, a boca de Leazinha o excitava, as pernas de Leazinha, o excitava. Ela, por completo, o deixava a desejar sexo, o sexo mais cachorro que se possa existir. Porém na cabeça de Leazinha, ali estava apenas o namorado de sua amiga. 

Após a chuva passar, Leazinha foi embora, agradeceu pelo acolhimento e se mandou. Bernardo, que tanto pregava a repulsa à masturbação, cometeu tal ato, em seu quarto, olhando uma foto de Leazinha no Instagram. O ato de gozar foi tão prazeroso, que ele continuou, em segredo, até o fim daquela noite, a praticar tal ato.

Os dias passaram, Bernardo intensificou suas “noitadas sozinho” pensando em Leazinha. Enquanto isso, em público e na frente de Luiza, seguia sendo o homem puro.

No final da história, Leazinha foi embora e foi viver sua vida. Enquanto isso, Luiza não suportou viver sendo regrada por costumes, e não apenas sexuais, que ela achava ultrapassados e encerrou seu namoro com o Bernardo. Ele, não se chateou, e pouco tempo depois, encontrou uma mulher que topava viver em castidade até o casamento. 

Leazinha casou e foi feliz com o seu marido até o fim da vida. Teve três filhos. Luiza casou, se divorciou e casou novamente, até se divorciar mais uma vez e viver o resto da vida com intensidade, viajando e curtindo o mundo. Bernardo casou com a mulher que conheceu após se separar de Luiza. Tiveram 4 filhos. Foram bastante felizes. Bernardo, aos poucos, foi parando de “sentir prazer sozinho pensando em Leazinha”, principalmente, por ter prazer com sua esposa. Entretanto, às vezes, ficava a relembrar de Leazinha, e foi assim por anos e anos

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