Em labios teus, brasa de um fogo lento,
Arde o desejo que não ousa avançar;
Nos meus, o eco de um segredo atento,
Que o peito cala, mas não pode apagar.
Quase toque, o arrepio no momento
Em que o suspiro hesita em se entregar…
Doce ilusão que dança no vento,
Fruto proibido que não deixa matar.
Teus olhos mecem o que a voz não diz,
Na teia do pudor, o risco é grão:
Beijo que nasce e, em sonho, se desfaz.
Ah! Doce angústia que não tem razão,
Mel que se esconde nos véus da raiz:
Amargo encanto… puro verso em paz.


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