Dexaketo

Simplesmente Gaiato

Amando Intensamente

Leazinha era uma mulher de riso fácil e desde jovem, aprendera que o amor era sua razão de viver. Não qualquer amor — paixões avassaladoras, intensas, que a consumiam por completo. Aos 16, apaixonou-se pelo carteiro da vila, escrevendo cartas fictícias só para vê-lo todos os dias. Aos 20, jurou fidelidade eterna a um músico cigano que mal sabia seu nome. Cada história começava com promessas de eternidade e terminava em lágrimas copiosas, mas Leazinha não desistia.

Aos 25, ela já havia amado marinheiros, poetas falidos, comerciantes, homens casados e até um padre arrependido. Seu quarto guardava lembranças: lenços bordados, bilhetes rasgados, fotografias desbotadas. Ela vivia à margem do mundo real, onde contas precisavam ser pagas e pães assados. Quando pressionada pela mãe ou pelas vizinhas, respondia com um sorriso distante: “Vocês não entendem. Meu coração não foi feito para o cotidiano.”

Certa noite, após outra despedida dolorosa, Leazinha olhou-se no espelho e viu algo novo: solidão. Não aquela que vem de estar sozinha, mas a que nasce da busca incessante por algo que nunca preenche.

Decidiu então mudar. Tentou silenciar o turbilhão dentro dela, buscando pequenas alegrias: cuidar das plantas, assistir uma partida de vôlei ou até cozinhas receitas que via no Youtube. Mas o vazio permaneceu, pois cada detalhe do que fazia lhe lembrava um beijo perdido, um novo adeus.

Leazinha vivia cercada pelos fantasmas de seus romances impossíveis. Sobre sua cama, encontrou um diário com uma única frase repetida em todas as páginas: “Eu amei demais.” Entretanto, não arrependeu-se de nada, pois a intensidade da vida era o que mais lhe fazia sofrer, e sentir-se viva.

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