Leazinha tinha 18 anos quando Bernardo a traiu. Foram dois anos de namoro, promessas e planos, tudo desmoronando com uma mensagem no celular: *”Queria te ver hoje, amor”* — enviada para outra. O coração partido virou um vazio pesado, até que, numa noite de lágrimas, ela encontrou o violão esquecido no fundo do guarda-roupa.
Era do avô, que tentara ensiná-la anos antes. Leazinha nunca levara a sério, mas naquela madrugada, os dedos desajeitados encontraram os acordes de uma música triste. A dor virou melodia, e as palavras que não disse a Bernardo brotaram em versos.
Três meses depois, inscreveu-se num festival da escola. Quando subiu ao palco, as mãos tremiam, mas a voz saiu firme: *”Você me trocou por um quase nada, eu me encontrei no que era meu…”* A plateia calou, depois aplaudiu. Bernardo, sentado na última fileira, corou.
No final do ano, Leazinha já cantava para o bairro inteiro. A traição do primeiro amor doía menos que antes — porque, no meio daquela tempestade, ela descobrira seu porto. E, no silêncio entre um acorde e outro, percebeu: às vezes, é preciso perder para encontrar algo melhor.


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