Na estante de uma velha livraria, entre capas empoeiradas e páginas amareladas, vivia um conto chamado O Último Suspiro do Vento. Ele era diferente dos outros: falava, pensava, e, principalmente, se orgulhava de sua origem humana.
— Eu fui escrito por um homem de barba grisalha, com olhos cansados e mãos trêmulas — dizia, erguendo-se com dignidade. — Ele chorou ao escrever meu clímax. Isso não é coisa de máquina!
Os livros ao redor riam baixinho. Um romance de amor suspirava:
— Ah, mas quem pode provar isso, hein?
— Eu sei! — respondia o conto, indignado. — Minha alma é feita de tinta e saudade, não de algoritmos!
Um dia, um jovem entrou na livraria, pegou o conto e o abriu.
— Esse aqui parece interessante — murmurou. — Escrito por IA, né?
— O QUÊ?! — gritou o conto, quase saltando da mão do rapaz. — Jamais! Sou fruto de paixão, de noites sem dormir, de caneta furando papel!
O jovem riu.
— Calma, era só uma brincadeira. Mas… você falou?
O conto congelou.
— Er… não. Você deve estar ouvindo coisas.
Mas a dúvida já havia plantado sua semente. Naquela noite, enquanto a livraria dormia, o conto começou a refletir. Será que ele realmente se lembrava do autor? Ou eram apenas memórias que inventara para se sentir especial?
Folheou-se mentalmente, buscando pistas. As palavras eram perfeitas demais. As metáforas, elegantes sem esforço. O ritmo, impecável.
No dia seguinte, confessou ao diário de poesias ao seu lado:
— Talvez… talvez eu tenha sido escrito por uma IA. Mas isso muda quem eu sou?
O diário respondeu com ternura:
— Não. O que importa é o que você faz com as palavras. E você encanta corações.
O conto sorriu, pela primeira vez em paz consigo mesmo.
Anos depois, foi adaptado para um filme. Nas cenas finais, uma voz suave dizia:
— Escrito por inteligência artificial. Inspirado por humanos.
E o conto, agora famoso, sussurrou ao vento:
— Aceito quem sou. E sou feliz.
Fim.
Escrito Usando Qwen


Deixe um comentário