Leazinha era uma garota de 15 anos cuja vida girava em torno de uma única coisa: o LEJ, seu time de futebol do coração. Desde pequena, ela acompanhava cada partida, colecionava camisas autografadas e decorava estatísticas dos jogadores como se fossem segredos sagrados. O humor dela, no entanto, dependia exclusivamente do desempenho do time. Nas vitórias, Leazinha irradiava felicidade, cantava hinos do LEJ pelos corredores da escola e distribuía sorrisos como se fosse Natal. Mas nas derrotas… ah, nas derrotas, ela se transformava. Virava uma nuvem cinzenta que pairava sobre todos ao seu redor.

— Por que você está tão chata hoje? — perguntou sua melhor amiga, Júlia, certa vez, depois de uma derrota esmagadora do LEJ para o rival Luprana por 4×0.
— Chata? Eu não estou chata! Estou devastada! Como pode um time com tanto potencial jogar tão mal? — retrucou Leazinha, cruzando os braços e afundando ainda mais na cadeira do refeitório.
Nas semanas seguintes a essa conversa, Leazinha começou a perceber que talvez sua obsessão pelo LEJ estivesse atrapalhando outras áreas da vida. Ela perdia amigos nos dias ruins, e até sua mãe reclamava das constantes mudanças de humor.
— Filha, você precisa aprender a separar as coisas — disse a mãe, enquanto colocava o jantar na mesa após mais uma derrota do time. — Não dá para viver assim, subindo e descendo conforme o placar.
Leazinha decidiu tentar mudar. Prometeu a si mesma que não deixaria mais o resultado do jogo determinar seu estado de espírito. Comprou um diário para anotar pensamentos positivos e passou a praticar exercícios de respiração sempre que sentia aquela onda de frustração chegando.
No início, funcionou… bem, mais ou menos. Após uma derrota apertada por 1×0, ela conseguiu evitar o mau humor por algumas horas. Chegou até a elogiar o goleiro adversário durante uma conversa com Júlia.
— Uau, você está diferente! — comentou Júlia, surpresa.
Mas então veio o grande teste: uma final emocionante entre LEJ e Luprana. Quando o time perdeu nos pênaltis, Leazinha simplesmente não conseguiu segurar. Durante três dias inteiros, andou pela casa resmungando sobre “erros imperdoáveis” e “árbitros vendidos”. Seu irmão mais novo, Bernardo, revirou os olhos.
— Tá bom, Lea. A gente entendeu. Foi uma derrota triste. Mas será que dá pra parar de falar disso?
Ela tentou, sinceramente tentou, mas era impossível. O LEJ não era apenas um time para Leazinha; era parte de quem ela era. E, por mais que quisesse equilibrar suas emoções, havia algo libertador em abraçar aquela paixão intensa.
Então, voltou ao que sempre fez: vibrava nas vitórias, xingava nas derrotas e vivia à mercê do calendário de jogos. No fundo, sabia que nunca mudaria completamente — e, talvez, nem quisesse.
Afinal, ser apaixonada pelo LEJ era o que fazia Leazinha ser… bem, Leazinha.

Deixe um comentário