Nos abismos do sonho onde habita o amor,
Arde em silêncio a chama que me consome;
És tu, estrela além do meu temor,
Que faz do peito um vulcão que nunca some.
Ó doce mártir de um querer sem luz,
Minha alma, como cera, se derrete;
Tu, que és meu gozo e meu sofrer sedento,
Fitas-me ao longe, e ris-te ao meu lamento.
Nem tempo, nem razão, nem céu ou inferno
Podem conter o fogo que me inflama;
Amor cruel, que em dores me transforma,
Levas-me a amar além do que é possível,
E a cada instante, mais me abrasas, alma!
E assim, nos versos que ninguém lhe deu,
Vivi, ao menos, o que não tive seu.


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