Encontrei teu nome onde não devia —
numa lista de passagem,
num bilhete rasgado,
num sussurro perdido no metrô.
Não foste desenho de sonho antigo,
não vinhas com as cores que eu escolhera,
não trajavas a poesia que um dia imaginei ler nos olhos de alguém.
Chegaste como chuva em tarde de sol,
como uma palavra estranha num idioma conhecido,
como um erro que se revelou exato.
Tinhas o sorriso torto,
os planos todos bagunçados,
e um passado que não cabia em livros,
mas cabia em mim.
Falei contigo por acidente,
amamos por engano,
e nesse equívoco surgiu um verso
que ninguém nunca ousou escrever.
És a página virada sem querer,
onde a história mais linda começou.
És a improvável certeza
no meio de um universo de “nãos”.
E mesmo sem encaixe perfeito,
mesmo fora do mapa e da previsão,
ficaste —
como um milagre sem explicação,
como o amor que não faz sentido,
mas faz sentido viver.


Deixe um comentário