Entre os astros que em silêncio brilham,
Dois olhares se encontram sem palavras,
No crepúsculo em que as almas vacilam,
Palavras são prisões que a boca lavra.
Somos sombras de um mesmo labirinto,
Feito de névoa, espinhos e desejo,
O amor, flor que desabrocha no instinto,
Mas tece raízes no mesmo enleio.
Quero ser chama que teu peito invade,
Fogo que a geada do medo derrete,
Mas o tempo, qual maré, nos desagrega,
Deixa a esperança em grãos de areia inquieta.
Que o relógio do mundo nos revele
A melodia oculta deste véu:
Amor, sem mapa, aprende a ser travessia,
E no eterno, dois corações se enlaçam, enfim.


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