Dona Clotilde e dona Marcelina eram duas carolas bem fiéis à igreja católica. Desde bem mocinha, elas frequentavam todas as missas de domingo. Até mesmo as missas que eu corriam por vídeo chamada durante a pandemia, elas participavam sem falta.
Um certo dia, na igreja da cidade, chega o novo padre. Cheio de ideias inovadoras, o padre resolve mudar o padroeiro da paróquia. Diante dessa possibilidade, Dona Clotilde logo indicou o seu santo de devoção, São Pedro. Ao saber que Clotilde pouco se importava com a troca sagrada do padroeiro da cidade, Marcelina não pensou duas vezes em indicar o seu santo de devoção, Santo Antônio.
Utilizando-se das confissões, as duas carolas tentaram convencer o padre que era necessário tornar o seu santo de devoção, o padroeiro daquela cidade. Entretanto, o padre afirmou para ambas, obviamente no momento da confissão de cada uma , que a mudança seria democrática, ou seja, quem decidiria quem seria o santo padroeiro da paróquia seria o próprio povo da paróquia.
Após o argumento do padre, as carolas passaram a fazer campanha para o seu respectivo santo. Acredite se quiser, a cidade simplesmente se dividiu ao meio. Até mesmo pessoas evangélicas, espíritas, do candomblé e do Islã, que moravam na cidade, estavam envolvidas neste “clássico-Rei” que as carolas criaram na cidade.
A situação chegou a um ponto de rivalidade tão grande, que o padre até pediu ajuda do TRE, para mediar a disputa da escolha do novo padroeiro.
No dia da eleição, as pessoas da comunidade tinham total liberdade para escrever o nome que quisessem do Santo para padroeiro, visto que os “eleitores” receberiam um papel em branco para escreverem o nome de seu santo. Logo a disputa entre São Pedro e Santo Antônio, não era tão polarizada assim, pelo menos era o que pretendia o padre após deixar o nome em aberto durante o dia da votação.
No momento da contagem dos votos, a surpresa: A população preferiu manter o antigo padroeiro como o novo padroeiro. Todo aquele chafurdo entre os dois Santos das carolas foi fogo de palha. O padre sorriu e falou: “A voz do povo é a voz de Deus!”
Dona Clotilde e Dona Marcelina inventaram outras coisas para brigarem entre elas, mas São Francisco de Assis continuou sendo o padroeiro da cidade.


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