Em sonhos proibidos, vou tecendo a trama,
Onde a noite desvela o que o dia não diz:
Tua imagem, na sombra, se inflama e me arrasta,
Às raias do pecado que a razão infeliz.
Inacessível aurora, na vigília tão distante,
Teus gestos de alabastro no real me feriam;
Porém, no breu do sono, és volúpia pulsante,
Carne e fogo que o tempo clandestino urdia.
Mas qual véu se esgarça ante a persistência do anseio?
A ilusão, teimosia, em carne se transmutou:
Uma noite, o delírio quebrou o paleio,
E o impossível, em suspiros, por fim se encarnou.
Foi teu corpo, real, em fúria desatada,
A alucinação viva da paixão tão sonhada.


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