No alvorecer, o Sol despertou a cantar,
Seus raios dourados brilhavam no ar.
Com passos de fogo cruzava o céu,
Espalhando calor com ardor seu.
A Lua, discreta, observava distante,
Dançava em silêncio sob véus ofuscantes.
Seu rosto prateado, tão terno e sereno,
Guardava segredos do mundo pequeno.
Um dia, o Sol a viu em seu trajeto,
E sentiu no peito um pulsar inquieto.
“Quem és tu, ó luz que não cega nem queima?”
Perguntou ele, envolto em curiosidade extrema.
“Sou a Lua”, respondeu ela com calma,
“Viajo nas sombras, onde tudo se acalma.
Não tenho teu fogo, nem tua bravura,
Mas ilumino os sonhos na vastidão escura.”
Encantado, o Sol quis conhecê-la mais,
Mas seus caminhos jamais se encontravam, pois…
Enquanto ele nasce, ela parte ao descanso,
Como amantes separados por destino e cansaço.
No entardecer, ele implorava ao vento:
“Deixe-a saber meu amor, meu tormento!”
E a Lua, ao ver o poente flamejar,
Sentia um calor que fazia sonhar.
Os astros testemunharam tal paixão,
Estrelas piscavam em comoção.
As marés também sentiram o chamado,
Ondas dançavam, movidas pelo recado.
Mas o tempo é cruel para amores assim,
Só podem se tocar num eclipse, enfim.
Quando o Sol se esconde atrás de um véu escuro,
A Lua aparece, num abraço puro.
Nesse breve instante, eles se fundem,
Luz dourada e prata juntas reluzem.
Um beijo celeste que poucos percebem,
Mas que move o universo quando acontece.
Mesmo longe, seguem fiéis à sina,
Ele aquecendo, ela guardando a colina.
Dois opostos que se completam sem fim,
Amantes eternos, presos ao ciclo ruim.
Assim vive o Sol, assim vive a Lua,
Separados sempre, mas nunca em luta.
Seus corações ecoam nos céus infinitos,
Num hino de amor que atravessa mitos.
E mesmo que jamais possam estar juntos,
Seus raios se entrelaçam em laços profundos.
Pois no firmamento, onde quer que estejam,
O Sol e a Lua sempre se veem, porque creem.


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