Bernardo era um homem de aparência comum, mas sua mente fervilhava com obsessões que ele mal conseguia controlar. Entre todas as pessoas que cruzavam seu caminho, Leazinha era a única que ocupava cada pensamento seu. Ela, uma jovem doce e gentil da cidade, não fazia ideia do turbilhão que habitava o coração sombrio de Bernardo.
Desde o dia em que a viu pela primeira vez na praça principal, Bernardo sentiu algo que beirava o insano. Ele começou a segui-la pelas ruas estreitas da cidade, memorizando seus passos, seus gestos e até os livros que ela lia no banco de madeira perto do lago. Não demorou para que sua admiração se transformasse em uma compulsão doentia. Ele escrevia cartas que nunca enviava, colecionava objetos que ela tocava por acaso e passou a vigiá-la durante a noite, escondido nas sombras.
Leazinha tentou ignorar os sinais perturbadores. No início, pareciam apenas coincidências: alguém que sempre estava por perto ou olhares fixos que a deixavam desconfortável. Mas quando Bernardo invadiu sua casa certa noite, roubando uma mecha de cabelo de sua escova, ela percebeu que estava lidando com algo muito maior. Denunciou-o à polícia, mas ele foi liberado rapidamente por falta de provas concretas.
A rejeição alimentou ainda mais a loucura de Bernardo. Ele começou a atacar indiretamente aqueles que estavam próximos a Leazinha, destruindo propriedades e espalhando boatos maldosos sobre ela na cidade. A vida de Leazinha virou um inferno, e ela decidiu pedir ajuda aos moradores locais, implorando por proteção contra aquele homem obcecado.
A paciência da população finalmente chegou ao limite quando Bernardo incendiou a loja onde Leazinha trabalhava, colocando em risco várias vidas. Revoltados com tamanha crueldade, os cidadãos formaram uma multidão furiosa. Armados com paus e pedras, eles cercaram Bernardo em um beco escuro enquanto ele tentava fugir após o ataque.
“Você destruiu nossa comunidade!”, gritou um dos homens. “Não vamos deixar você escapar dessa vez!”
Os gritos ecoaram pelas vielas da cidade enquanto Bernardo era arrastado para o centro da praça, exatamente onde tudo havia começado. As mãos da multidão eram implacáveis, e seus rostos refletiam fúria e desespero. Quando tudo terminou, só restava silêncio — e um corpo sem vida jogado no chão.
Leazinha observava de longe, abraçada aos poucos amigos que ainda confiavam nela. Embora aliviada, ela sabia que aquela marca jamais sairia de sua memória.



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