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A eleição presidencial de 2002 no Brasil foi um marco na história política do país, marcada por polarização, mudanças de expectativas e a ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, à Presidência da República após três tentativas frustadas. O pleito ocorreu em um contexto de crise econômica, desgaste do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) e forte rejeição ao neoliberalismo, o que redefiniu os rumos da política brasileira.

O governo FHC (1995-2002) havia implementado o Plano Real, estabilizando a economia, mas enfrentava críticas pelo aumento do desemprego, endividamento público e dependência do FMI. O real estava desvalorizado, e o temor de uma crise financeira alimentava o clima de incerteza. Além disso, a popularidade de FHC estava em queda, e seu sucessor natural, o ex-ministro da Saúde José Serra (PSDB), enfrentava dificuldades para emplacar sua candidatura.

Os Principais Candidatos

A disputa teve quatro principais nomes:

1. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Lula era o favorito desde o início, mas sua imagem ainda assustava o mercado financeiro, que temia um governo de esquerda radical. Para vencer, o PT adotou uma estratégia de moderar seu discurso, lançando a “Carta ao Povo Brasileiro”, prometendo respeitar contratos e manter a estabilidade econômica.
2. José Serra (PSDB) – Representando a continuidade do governo FHC, Serra focou em sua experiência administrativa, mas foi prejudicado pelo desgaste do governo e pela falta de carisma.
3. Anthony Garotinho (PSB) – Ex-governador do Rio de Janeiro, Garotinho atraiu eleitores evangélicos e populares com um discurso populista, mas sua campanha perdeu força na reta final, o que evitou sua ida ao Segundo turno.
4. Ciro Gomes (PPS) – Ex-ministro de FHC, Ciro criticava o neoliberalismo e propunha um “projeto nacional desenvolvimentista”, conquistando parte da esquerda, mas ficou em terceiro lugar. Chegou a liderar as pesquisas, mas “desidratou” na reta Final do 1⁰ Turno.

A Disputa Eleitoral

No primeiro turno (6 de outubro), Lula liderou com 46,4%, enquanto Serra ficou em segundo com 23,2%. No segundo turno (27 de outubro), Lula ampliou sua vantagem, vencendo com 61,3% dos votos. Sua vitória foi resultado de uma coalizão ampla, incluindo setores moderados, e da promessa de mudança sem ruptura.

Legado da Eleição

A eleição de 2002 representou a consolidação da democracia brasileira, com a primeira vitória de um operário para a Presidência, e a única transição pacífica de poder entre politicos de campos politicos opostos. Lula assumiu em 2003, mantendo políticas econômicas ortodoxas, mas implementando programas sociais como o Bolsa Família e Pró-UNI, que redefiniram sua imagem e o cenário político nacional. A disputa também marcou o início de um ciclo de governos petistas que duraria até 2016.

Lula ganharia outras duas eleições. Em 2006, venceria Alckmin, e com o mesmo Alckmin, em 2022, como seu vice, superaria a escória humana chamada Bolsonaro.