No vácuo frio onde eu vagueava só,
A sombra muda era minha companhia.
E no silêncio em que o viver se esfria,
Eu via o mundo pela dor que dói.
Mas eis que surge um raio além do véu,
Uma luz mansa que ao meu ser envolve,
Dissipa nuvens, faz brotar a relva,
E me conduz a portos que não volvo.
Teu olhar, lago onde encontrei abrigo,
Meu coração, antes de pedra, é agora
Fonte de vida, rio manso e antigo.
No colo acolho o fim dessa mágoa escura,
Pois neste amor descobri a cura:
A solidão partiu-se em tua aurora.


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