Árvore outonal que, em dourado manto,
Vês a vida e a morte num só quebranto;
Teu sorriso é um pranto disfarçado,
Segredo do outono, nunca decifrado.
Vento que, poeta, em folhas escreves
Versos sem destino, canções tão breves;
Rio que, escrivão, no mármore da serra
Talhas teu nome em letras de terra.
Montanha altiva, trono do tempo erguido,
Teu cume é silêncio, teu chão é ruído;
Pôr do sol que tinge o céu de despedida:
Beleza maior só na hora da partida.
Tudo que é eterno no instante se funde,
Pois tudo é um verso no poema da existência,
E a mais pura essência, fugaz como a aurora,
Na dança do efêmero, eterno se devora.


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