Nos jardins da noite, onde os véus se escondem,
Duas almas em chamas rompem o silêncio,
Sussurram segredos que os lábios não nomeiam,
Enquanto a lua testemunha o amor que as consome.
Casadas à vida que os homens lhes vendem,
Seus corpos, fantasmas do lar e do incenso,
Encontram-se em sombras, num doce contenso,
Onde as mãos se procuram e os medos se rendem.
A culpa, espiral de espinhos na carne,
E a sociedade, cárcere de falsos santuários,
Condenam o fogo que os versos não apagam.
Mas no peito, o destino — vulcão que não se abate —
Cria um mundo de estrelas além dos calendários:
Amam-se em segredo, mas o amor não se cala.
— E mesmo que a morte as leve em segredo,
Serão, no eterno, duas flores sem medo.


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