Entre labirintos de pecado e chama,
Arde a carne em fogo que o céu condena:
Amar quem de outro amor já se envenena
É cruz de espinhos que a alma reclama.
Ó doce culpa, paradoxo inflama!
Nas sombras do desejo, a luz serena
Do teu olhar, que em outro amor se pena,
Faz do meu peito um altar sem alma.
Como Gregório em versos de tormento,
Vejo em teu riso um breviário aberto:
“Por amar quem não é meu, o inferno invento.”
Eis que o tempo, tecelão de desconcerto,
Urde em teu véu de ilusão o meu lamento —
Pecador sem perdão, no amor incerto…


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