Nas ruas tortas do tempo, caminhos sem porta,
onde a fumaça se casa com o asfalto —
eis o labirinto do século, cifra não exata,
um quebra-cabeça de dor e salto.
Sabem os pés o sabor do não-saber,
a curva que desvia do destino traçado.
Há trilhos elétricos nas veias do amanhecer,
e um GPS quebrado no bolso do lado.
Vozes nas plataformas de metrô sussurram segredos
enquanto o Wi-Fi das almas busca conexão.
O vento ancestral, por trás dos postes, é um credo:
“O norte é qualquer direção em decomposição.”
Mas o mapa é escrito nas estrelas móveis:
o caminho certo é o que invento ao andar.
A vida é um verbo sem sujeito — e eu,
soletro o caos com meu compasso no ar.
(Meu peito, afinal, é a única bússola exata.)


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