Nos olhos da menina, um campo vasto,
o vento nos cabelos, bola ao pé.
O mundo dizia: “Isso não é seu lugar”,
mas ela riscou o chão com sonho intacto.
Os gritos surdos da cidade em frangalhos
— “Mulher não joga, volta pra seu lar!” —
viraram lenha no seu corpo a queimar,
calando vozes com passes e com rabolhos.
Quebraram-lhe os joelhos de tanto espinho,
trovejaram-lhe a alma de tanto não,
mas no peito guardava um furacão.
Ela fez do preconceito seu caminho:
pisou estádios, desfez a tradição,
e na rede balançou o destino.
Agora, quando a luz do holofote cai,
sua história é gol que o tempo não apaga:
menina-chama, eterna capitã da raça.


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