Num jardim de segredos, labareda
Proibida que os sentidos não divisa,
Arde em silêncio a pálida centelha
Que a sombra do pecado enlaça e frisa.
Dois corpos, só almas, em queda,
Nos véus da noite, céus que o mundo pisa:
Um amor que os infernos não conceda,
Sussurros no templo mudo da brisa.
Ó doce tormento, paradoxo eterno,
Chama que a carne nega, o espírito aceita,
Tisbe sem muro, mas com abismo interno.
Marés do destino, véu que o tempo aceita:
Raiz de lírio em solo taciturno,
Floresce em cinzas, pária perfeita.


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