Nas vielas onde a fome roía ratos,
Um menino de sonhos e poeira,
Vendeu sombras por níqueis, trapos, retratos—
A luz cobrava um preço na fresta.
Depois, nas mãos calejadas, veios de ouro,
Arranha-céus curvados ao seu nome,
Banquetes de estrelas, risos no louro—
Raízes apagadas pelo lume.
Mas cimento não sente o cheiro da terra,
Veio o dilúvio, torres douradas em pó,
Nenhum trocado, nenhum “sim” que o erro serra,
Só ecos de um passado que o vento apagou.
E agora, espectro em ruínas que a sorte esconde,
Riqueza é fantasma onde a memória não responde.


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