Em salas de aparência tão serena,
O ardente chama que os corações devora
Se esconde em véus de uma paixão não senhora,
Onde os lábios calam o que a alma condena.
Nos olhares contidos, a pena
De fingir que a chama já não mora;
Sorrisos falsos, palavras que enamora
O mundo, mas na sombra os corações envena.
Porém, à noite, em becos sem testemunhas,
Os corpos buscam o que o dia nega:
Toques roubados, carícias que se unem
Em labirinto de desejo que cega.
Amor proibido, que na sombra mina
As regras frias que a razão domina.
Velado fogo que não se apaga,
Flor que à luz do sol jamais se abre:
Na escuridão, o amor livre cabe,
Enquanto o mundo, cego, nada sabe.


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