Na luta incerta que a razão não vence,
O desejo ergue um império de chama,
Faz do coração um cálice de drama
Onde a determinação sangra e fenece.
Em noites que o silêncio se entrelace,
A sombra do que foi ainda nos chama:
Sopro de um amor que o tempo não doma,
Fronte que a dor e a esperança carece.
Mas eis que a luz, qual véu que se desdobra,
Revela o fogo que na treva ardia:
Não há vitória que não traga a derrota.
Pois na dança do eterno que nos sobra,
O peito, mesmo em cinzas, ainda cria
Um verso imune à morte: a vida é porta.


Deixe um comentário