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Duas – A história de Zuleide e Zoraide

Ruth ou Raquel? Lucas ou Diogo? Paola ou Paulina? Não importa! Não é de hoje, que temos gêmeos como protagonistas de histórias. Nesse conto, não é tão diferente!

Numa cidadezinha bem miúda, e bem longe da Capital do Ceará, existiam duas gêmeas bem espevitadas, Zuleide e Zoraide. Elas eram duas cópias perfeitas uma da outra, é como se sua mãe, Dona Francisca, tivesse tido uma, a colocado na máquina de “xerox”, e a outra tivesse nascido. Ou pior, como se o Doutor Albieri tivesse clonado uma das duas, como fez na novela “O Clone”.

Mas diferente das gêmeas da TV, “Zu e Zo” eram iguais em quase tudo. Ambas amavam panelada, torciam para o Ferroviário, adoravam vestido verde e eram fãs da Banda Líbanos. Inclusive, elas viviam cantando pelos cantos, a música “Palavras”, seja quando varriam a casa ou quando faziam aquela canja para agradar a “mainha”. Era um tal de “Tá pensando o quê?” para um lado, “Vai ter que pagar” para o outro, a ponto de a Dona Francisca ficar enjoada de tanto ouvir a mesma música toda hora.

Como eu disse, elas eram iguais em quase tudo, prestou atenção? Pois é! QUASE! As gêmeas possuíam, sim, uma única diferença: Zuleide era doida para morar na capital, enquanto Zoraide queria ficar no seu “chãozinho” mesmo.

Uma certa madrugada, Zuleide saiu escondida de casa e pegou um ônibus direto para Fortaleza. Antes de ir, ela deixou escrito em um bilhetinho, um pedaço de papel de embrulhar o pão, o contato da amiga que ia acolhê-la na capital. Pregou este no filtro de barro e deixou seu lar, rumo ao seu sonho.

Ao acordar, Dona Francisca, quase tendo um “treco”, esbraveja:

_Meu “Padim Ciço” Romão Batista de Juazeiro do Norte! Não basta ter cuidado dessas duas criaturas sozinha, ainda tenho que ter uma filha rebelde que me abandona desse jeito!

Zoraide acorda, ler o bilhete e não acredita no que Zuleide tinha feito.

Imediatamente, Dona Francisca passou a ficar ligando para a tal amiga, porém ninguém atendia o bendito do telefone. Na décima oitava tentativa, a amiga a atendeu e disse:

_Ela não vai ficar, senhora! Minha mãe disse que não sustentaria mais ninguém aqui em casa, já tem muito “comedorzinho de rapadura”! Então, a sua filha está voltando para aí, viu! Deve estar chegando em umas quatro horas, se o motorista for “vuado”!

Dona Francisca e Zoraide festejaram a notícia do retorno de Zuleide.

No meio da tarde, assim que Zuleide chegou em casa, Zoraide a abraçou e disse para ela nunca mais fazer isso. Dona Francisca não sabia se a abraçava ou se dava uma “coça” na filha “rueira”, mas na hora, deu apenas um forte abraço.

Depois da janta, elas foram dormir. Zuleide não havia desistido do sonho de morar na Capital. Zoraide pediu para ela parar de ter aqueles sonhos, pois ela nunca mais ia deixar a irmã “se mandar do chãozinho”, e que as poucas horas sem sua cópia haviam sido as piores de sua vida. Zuleide abraçou Zoraide e disse:

_Te amo, meu “eu mais bonita”!

Depois do abraço, cada uma foi para sua rede e a história encerrou aqui…

Shiiiuuuuuuuu!… Segredo meu e teu!… Zoraide e dona Francisca não perceberam, mas Zuleide acabou de fugir de casa de novo! Ela só sossegará quando morar em Fortaleza!

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