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Com Patrick namorando, o alerta lá em casa voltava a “truar”. Além disso, o fato de eu amar o futebol, aumentava as suspeitas. O que era uma besteira sem tamanho. No time de futebol lá do meu colégio, apenas eu e mais duas éramos gays, as outras eram “normais”. Usei o termo mais comumente associado aos heterossexuais, pois aos olhos dos bons costumes e das ditas pessoas de bem, nós, os homossexuais, somos uns doentes, uma aberração da natureza e sem aspas, eles acreditam nisso mesmo. Para eles, alguém escolher amar uma pessoa do mesmo sexo equivale a uma falta de caráter, índole ou até falta de saúde mental.

Depois do fim do “namoro” com meu cunhado, eu e Luiza passamos a nos encontrar às escondidas no colégio. Cansamos de nos beijar dentro do banheiro. Quantas vezes retocar a maquiagem, era borrá-la.

Nem eu, nem ela, tínhamos coragem de enfrentar nossas famílias. Tínhamos medo até de sermos expulsas de casa. Éramos muito novas e não queríamos parar de estudar. Com isso, tirando os momentos escondidos no colégio, nosso namoro estava resumido às redes sociais, e ainda sim, sem muitas “curtidas” ou coisa do tipo. Era conversar no whatsapp e depois apagar as conversas.

Vendo nossa situação, Bernardo resolveu ser o “alcoviteiro-mor” do casal de “sapatão”. Ele disse que ia na minha casa, me pedir em namoro e que toda vez que eu fosse o visitar, Luiza iria para lá. Assim, poderíamos viver nosso amor. Como Bernardo não tinha irmãos e os pais dele viviam na Universidade, poderíamos viver o que sentíamos até mais intensamente do que na época de Patrick. Falei com Luiza e aceitamos a proposta de Bê.