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O tempo passou, nunca cheguei a me declarar para Jamile, mas outras paixões surgiram e ficaram no plano das ideias.

Aos 13 anos, perdi o meu BV com Bernardo, tínhamos combinado na infância que nossos primeiros beijos seriam de um no outro. Até gostei do beijo do Bernardo, mas boca de homem não me atraía.

Com 14 anos, resolvi namorar com um menino. Levei esse meu namorado em casa, o sorriso de minha família me assustava. Eles demonstravam explicitamente o “alívio” de não ter uma filha gay. Eles percebiam que “amar homens” não era minha praia, mas ao me verem com Patrick sossegaram.

Porém, não durei muito com esse menino, com dois meses de namoro, ele percebeu que eu tinha nojo dos nossos beijos. Além disso, ele percebeu que quando eu ia o visitar, ficava mais tempo conversando com a irmã dele, a Luiza, do que com ele. Um dia, ele me pediu sinceridade e perguntou se eu estava afim de Luiza. Eu confessei, ele riu. Fiquei irritada, ele pediu desculpa, e para eu sentar no sofá. Ele chama Luiza. Sentados, o “loirim” (como era conhecido Patrick no colégio) virou para nós e disse:

_Parem de se enganar! Vocês se amam, namorem logo. Agora vou jogar com o pessoal do colégio lá no prédio do Raul. Se beijem bastante! Vivam o amor!

Ele saiu dali, ela olhou para mim, eu olhei para ela e nos beijamos muito. Nada se comparava àquele momento. Nossas trocas de olhares, a música “Woman” de Neneh Cherry ao fundo, nossas trocas de carinhos, beijos… Aquele dia se tornou inesquecível! Jamais esquecerei nossos sorrisos depois de um dia tão especial! Deus nos abençoou com o amor! Sei que muitos dirão que isso é blasfêmia, mas não posso achar que Deus me queria heterossexual, se fosse assim, eu era heterossexual e não gay, como sou. Se Deus me fez gay, gay eu sou!

Por meses, eu ia na casa de Patrick para namorar Luiza. Isso deu certo por muito tempo, mas exatos dois dias depois da minha festa de debutante, Patrick pediu para terminar oficialmente comigo, pois ele queria namorar “para valer” com Laura, uma colega nossa. E agora?