A Treinadora Dexaketo Textos

A Treinadora – Capítulo 5

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Ao chegar em casa, Leazinha cai nos prantos. Ela sabia que teria que ser forte. Ela sabia que ela era a porta para dezenas, centenas e/ou milhares de treinadoras de futebol feminino que quisessem entrar no masculino, ela não podia errar. Qualquer falha poderia significar a porta fechada para uma geração de mulheres. Leazinha sabia de suas responsabilidades, sabia do peso que estava carregando naquele momento. Ela engole o choro, liga a televisão e resolve assistir os programas esportivos daquela noite. Naquele momento, ela começa a rir, começava a sorrir, ao entender que era só o primeiro jogo, ao entender que o que os comentaristas faziam com ela, ao detoná-la, eles faziam com todos. Leazinha desliga a televisão, coloca uma música e começa a dançar sozinha em seu quarto. Qual era a música? Qualquer um blues que a fizesse feliz.

No dia seguinte, ela resolve ir conversar novamente com os jogadores. Ela não se desculpa pelas palavras proferidas no dia anterior, ela as mantém. Ela reafirma que não queria jogador fraco, medíocre, frouxo e preconceituoso em seu elenco. Que ela veio para ser campeã com a camisa do Bela Moça, e além disso, jogador que não estivesse pronto para honrar, lutar e ser campeão também, que pedisse para sair. Ela não queria gente fracassada em seu plantel, ela queria guerreiros que mostrassem para a torcida, o quão grande era jogar pelo Bela Moça e o quão era importante ser responsável por uma página da incrível história daquele Clube.

Após o discurso, ela pede para os jogadores irem até o caixote de bola, e cada um pegar uma bola, ela iria começar o treino. Naquele momento, Raul e outros três jogadores se direcionam para o restante do elenco: “Não vamos aceitar receber ordens de mulherzinha. Quem for homem de verdade, vem com a gente.” De repente, ninguém mais se levanta.

Leazinha faz uma cara irônica, sarcástica ao extremo para Raul e afirma rindo: “Eles querem ser campeões! Eles vão ficar do meu lado, o lado dos vencedores. Aos perdedores como você, eu tenho pena, eu tenho dó, e desejo do fundo do meu coração, que vá à merda.”

Raul e os três jogadores se dirigem ao vestiário e vão embora. Naquele instante, do vestiário mesmo, Raul começa uma live no Instagram, com muitos torcedores assistindo. Raul afirma que está saindo do clube que amava, por causa de uma mulher ridícula, fraca e que não sabia nada de futebol. Os quatro pedem recisão à João, que assina sem medo de ser feliz.

Ao fim do treino, a torcida organizada do Bela Moça, a Tricolor 13, foi ao CT e soltou um foguetório. Músicas ecoavam no campo de treino, com o seguinte refrão. : “P*** que pariu é a melhor treinadora do país, Leazinha!” leazinha achou super estranho aquilo, o time havia sido goleado no dia anterior, ela estava em crise com o elenco, a mídia a detonava, o time era lanterna da Liga. Por que a torcida estava comemorando? Bernardo se aproxima de Leozinho e sussurra em seu ouvido: “A torcida detestava Raul, a diretoria não mandava embora porque a multa contratual era alta. Com ele pedindo para sair, o clube não precisou pagar a multa. A torcida te ama agora, tu mandou Raul pastar. Eles vão te adorar para sempre.”

Um dia de treino encerrou, a Leazinha já estava pronta para ir para casa quando…

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