Estava tudo lindo e maravilhoso entre eu e o meu amor. A gente se dava tão bem, que invejava a todos, principalmente o nosso amargurado vizinho. Desejando o fim de nosso amor, o condenado resolveu dar um golpe baixo.
Em uma certa noite, contratou sua sobrinha do interior. A menina tinha perto dos seus 20 anos e era doida para conhecer Fortaleza. Ele ofereceu moradia, dinheiro e até plano de saúde vitalício da UNIMED, desde que ela acabasse com o meu casamento.
Os ataques de sua sobrinha a minha pessoa iniciou sem descaramento já no dia que ela chegou. Mas eu me fiz de forte, mas a condenada descobriu uma velha tara minha: “Mulher vestida com a Camisa do Palmeiras e shortinho branco curto.”
Ela se insinuava com a Camisa Verde, com a verde-limão, com a branca, com a azul, com a camisa da Parmalat, da Fiat e da CREFISA. No elevador, dizia que sua ídola no futebol era Bia Zaneratto. Eu estava para não aguentar.
Uma certa noite, na cama, minha esposa segurou minha mão e revelou algo que mudaria nossas vidas: “Eu sou Bi e to com muito tesão naquela sobrinha do nosso vizinho. Ela fica tão gostosa falando do gol do Breno Lopes na Final da Libertadores. Quando ela passa vestida com a camisa verde-limão com o número 10 do Valdívia, ela ilumina tudo dentro de mim. Amor, não se preocupe! Eu te amo e nunca vou te largar, mas eu quero pegar aquela palestrina.” Sim, o meu amor, era a minha metade da laranja, ela tinha os mesmos gostos e fetiches que eu. Sem medo de ser feliz, propus um belo “Ménage”
No dia seguinte, quando ela se insinuou no elevador para mim, eu fiz a proposta. Ela mordeu os lábios e disse que topava na hora. Marcamos na noite daquela quarta-feira mesmo.
O vizinho queria o nosso mal, o nosso fim, além de perder a sobrinha, ainda teve que aturar aquele trisal andando pelos corredores do condomínio, e a sobrinha pedindo: “Bênça, Tio!”
A minha metade da laranja cansou de ser cortada ao meio, agora éramos três pedaços lindos, palestrinos e gostosos, ainda mais cheios de amor para ódio do vizinho!