Te larguei quando todo mundo dizia que você era feia, eu fui na onda e me estrepei feio. Senti uma falta de nossas conversas sobre o ataque perfeito do Sada Cruzeiro ou quem era melhor, se LeBron ou Curry. O tempo foi passando e as lindas saciavam apenas o que os olhos viam, mas por dentro o vazio ainda imperava. Você era alguém que eu amava muito, mas como numa novela clichê, percebi só quando tudo acabou. Eu era muito orgulhoso para pedi uma nova chance.
Uma certa noite, em meio uma chuva imensa na Santos Dumont, tivemos que dividir a mesma parada de ônibus. Você já não tinha o aparelho dental e libertou aqueles lindos cachos reprimidos por chapinha. Era incrível como estava linda, e aquele perfume que comprou com a Lilia Sampaio exalava o que de mais belo meu nariz poderia inalar naquele momento doce. Eu estava pronto para te dizer alguma coisa, mas antes de eu terminar a inspiração e expiração, o tal do 042 chegou. Ainda tomei um banho daquele ônibus que te levava embora.
O tempo passou, na verdade, 3 anos, 6 meses e 13 horas do dia do ônibus até nos reencontrarmos na caranguejada do BNB Clube. Você iria fazer uma aula com o Tio Marcelo, enquanto eu ia ver minha mãe jogar o MasterCup da Carol. Parei de ver minha mãe arrasar na Quadra Gurgel, para ver você dar uma braçada mais torta que a outra, mas sendo corrigida e aprendendo calmamente com aquele baita profissional.
De repente, nos cruzamos na escada, você me olhou, eu te olhei, e ficou nisso mesmo. Você seguiu até o vestiário e eu fui rever minha mãe jogar.
No retorno para casa, o Uber botou Lenny Kravitz para tocar. Foram diversas corações que maltrataram meu coração e me fez chorar da maior burrice que já cometi. Quando tocou “Again”, resolvi ligar para você, mas você já tinha mudado seu número.
Perdi o Amor da Minha vida por ser um adolescente “Maria vai com a outras”! Resta-me seguir nesse Uber ouvindo Lenny Kravitz e chorando por você.