Em meio as piadas e olhar concentrado,
ao sorriso disfarçante de felicidade,
existe uma alma que chora,
cansada e sem entender porque existe.
Sinto que 24 horas é pouco,
mas preciso trabalhar e estudar,
o básico deixo de lado, o corpo reclama,
mas comer e dormir deixo para outra hora.
É sexta! É Férias!
O escravo comemora a alforria,
mas a alforria de um momento,
para voltar a senzala no restante da vida.
Fazer o que gosta não é pra mim,
tenho que trabalhar para pagar o cartão
e pagar as coisas inuteis que comprei
mas acalentar minha solidão!
Digo que é bom beber,
cair na farra, sem pensar no amanhã.
No outro dia, a ressaca,
e a realidade pior que a dor de cabeça.
Como teria dito Cristo a seus profetas:
“Quanto maior o conhecimento,
maior o sofrimento!”
Quanto mais se pensa, mais a infeliz estará.
O Mundo não feito para os pensadores,
mas para os impulsivos e imediatistas.
Vivemos o mundo da solução passageira,
Corta-se a raiz, quando era necessária só as folhas.
A poesia não é o retrato do autor,
mas de toda uma sociedade,
que acelera no profissional,
mas morre no humano.
Querem que trabalhemos até a morte,
Nossa Mais-Valia nunca valeu tanto.
A alma pesa, o cansaço não é só físico…
Que horas tenho para o meu eu?
Se matar para viver?
E que horas deixarei de sobreviver?
Quando passar em um concurso?
Quando terei tempo para quem amo?
Não sou gente, sou mão-de-obra
de um país falido,
mal tratado pelo estado,
maculado pela burguesia!
A cada etapa do “joguinho” da vida superado,
outra etapa tem de ser superada.
Tempo nem para respirar,
fiquei ansioso só de imaginar … travei!
A vida não é um mistério,
mas um imenso algoritmo,
onde cada decisão tem uma consequência
e consequência tem novas decisões.
Não está fácil ser da geração
que precisa reinventar o mundo a cada segundo!
Respirar, não sei mais o que é isso…
Viver, não preciso… Cansado demais para isso.


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