“As mulheres não sejam vistas como mais um sujeito da história do futebol brasileiro, e que o futebol feminino, em particular, seja um tema praticamente inexistente.” (FRANZINI, 2005) Essas palavras dão início a ideia deste texto. O Futebol Feminino tão desenvolvido em outros países superará os preconceitos e se desenvolverá no Brasil?
O Futebol Feminino se tornou um esporte organizado na década de 1980 nos países nórdicos, ganhando força em alguns anos nos EUA, Alemanha e Ásia. No Brasil, a modalidade chegou no mesmo período, e imediatamente, se tornou uma potência da modalidade. Apesar disso, é um esporte quase amador, devido a pouca popularidade que possui.
A situação de descaso que esta modalidade enfrenta com o seu quase amadorismo vem acompanhado de crenças e preconceitos que a sociedade ainda impõe ao esporte e a própria mulher, a ponto de não vê-la como um ser esportivo, e no futebol, esta crença ganha força, já que culturalmente, este é tratado como esporte para homem. Segundo Martins e Moraes (2006, p.72) “Em todos os níveis de prática do futebol, podemos identificar o preconceito, a diferença, o descaso e suas consequências na formação do imaginário social do papel da mulher.”
Essa diferenciação ficou explícita nas Olimpíadas de 2004, quando as mulheres conquistaram a medalha de prata, enquanto que os homens não se classificaram aos jogos. Mesmo assim, ao fim da disputa, muitas jogadoras voltaram para sua dura realidade, em maioria, dupla jornada de trabalho, com emprego fixo e futebol. Como citado por GOELLNER (2004, p.86) Ao longo da história foram e são distintos os investimentos, o apelo midiático e as oportunidades aos sexos.
Entretanto, exista quem aposte no futebol feminino. Podemos citar como exemplo, a cidade de São Paulo, onde a prefeitura investe em estrutura para as atletas profissionais e na formação de jovens jogadoras. Mas são casos isolados. Em sua maioria, ocorre o inverso, como em clubes como Santos e Corinthians, que desligaram seus clubes femininos, para investirem em grandes ídolos do futebol masculino, no caso Neymar e Ronaldo. Já que o Futebol Feminino estava gerando prejuízo no caixa desses clubes, por não possuírem o mesmo apelo de público que o masculino. Como dito por Gastaldo (2005, p.109) “O mundo do futebol no Brasil continua ainda a ser hegemonicamente um território masculino.”
Apesar de todos os problemas, segundo Morel e Sales (2006) “Atualmente, segundo a Confederação Brasileira de Futebol-CBF, existem no Brasil cerca de 400 mil mulheres jogando futebol”. O que demonstra uma evolução constante na prática do esporte e a superação das atletas diante as dificuldades impostas, e que o Futebol Feminino já é uma realidade irreversível no desporto nacional.
REFERÊNCIAS
– FRANZINI F – Revista Brasileira de História – Rev. Bras. Hist. vol.25 no.50 São Paulo July/Dec. 2005
– MARTINS L T ; Moraes L , – O FUTEBOL FEMININO E SUA INSERÇÃO NA MÍDIA: A DIFERENÇA QUE FAZ UMA MEDALHA DE PRATA – Pensar a Prática, Novembro, 2006
– GOELLNER S V- MULHER E ESPORTE NO BRASIL: ENTRE INCENTIVOS E INTERDIÇÕES ELAS FAZEM HISTÓRIA – Pensar a Prática, Outubro, 2004
– MORAES M; Salles J G C – Futebol feminino – ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL, 2006
– GASTALDO, É. – “O complô da torcida”: futebol e performance masculina em bares. Horiz. antropol. [online]. 2005, vol.11, n.24, pp. 107-123. ISSN 0104-7183.


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